Sem tempo!


Ontem fiquei desolado, como se caísse o mundo sobre minha cabeça. Meu celular tocou, ao atender percebi que era a voz da minha mãe que foi logo me dando a notícia:
- Filho, se prepara que você tem que ser forte.
A notícia realmente não foi nada boa, ela acabara de anunciar aos meus ouvidos a morte do meu melhor amigo, morte instantânea num acidente de moto.
Eu chorei.
Ele partiu dessa terra, está melhor até mesmo do que eu porque sei que onde ele está é iluminado e cheio da presença de Deus, chorei por sua morte, minha perda, mas chorei também por pena de mim; sim, pena de mim. A minha cabeça inchou-se pois relembrei dos momentos vividos com Álex, no dezembro passado fomos à praia e naquele dia jamais imaginamos que era a última praia juntos, lembrei da caixa de mensagem do meu celular onde estava repleta de mensagens positivas sobre a vida, mensagens essas que eu EU NÃO TINHA TEMPO PARA RESPONDER; SIM, NÃO TINHA TEMPO.
Lembrei dos emails engraçados que me mandava pela manhã apenas para me fazer sorrir, emails esse que nunca lembro de ter respondido um sequer, PORQUE EU NÃO TINHA TEMPO.
Peguei o telefone e liguei para meu chefe avisando que não iria trabalhar hoje, talvez nem amanhã ou sei lá quando, pois um pedaço meu havia sido tirado de mim, pedaço esse que não parecia lá tão importante, mas que agora me trás uma dor incontrolável. Eu descobri que esse pedaço que foi tirado de mim fazia o papel do meu paladar, pois dava sabor à minha vida. Eu descobri que não sei se ainda consiguirei viver como vivia antes, me condenarei a vida toda, pois o homem sem tempo para os amigos é o homem mais infeliz que existe, mas só damos conta depois que a vida perder o sabor, o sentido, só percebemos depois que o mundo desaba sobre nós.
Cristiano Pazetto Santana

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